Um brasileiro detido no Krome North Processing Center, localizado em uma região isolada dos Everglades, na Flórida, denunciou condições degradantes e tratamento desumano no local, apelidado por ativistas de “Alcatraz dos Jacarés”. A denúncia foi feita por sua esposa, que preferiu não se identificar por medo de represálias.

O centro, que recebe imigrantes em situação irregular nos Estados Unidos, tem histórico de críticas por violações de direitos humanos, incluindo negligência médica, isolamento extremo e dificuldades no acesso à defesa legal. Segundo a família do brasileiro, ele está detido há meses sem atualizações sobre seu processo migratório e sem acesso adequado a cuidados de saúde, mesmo apresentando quadro clínico debilitado.

A esposa relata que o contato com o marido é raro e sempre monitorado. Segundo ela, ele perdeu peso, apresenta sinais de sofrimento emocional e desconfiança em relação ao sistema de justiça. O detento teria passado três semanas internado devido a problemas de saúde sem que a família fosse informada. Além disso, há relatos de que os alimentos servidos são de baixa qualidade, em algumas ocasiões impróprios para consumo.

“Ele está fisicamente fraco, psicologicamente abalado e sem esperança. A sensação é de que está sendo esquecido dentro de uma prisão isolada”, disse a esposa, que vive nos Estados Unidos com os dois filhos do casal.

Organizações de direitos civis afirmam que o Krome North tem sido alvo frequente de denúncias. Localizado em área cercada por pântanos e crocodilos, o centro dificulta o acesso de familiares e advogados, e é descrito por ex-detentos como um ambiente de extrema pressão psicológica, onde o isolamento é usado como ferramenta disciplinar.

A família pede uma investigação formal sobre o caso e cobra maior transparência das autoridades migratórias. Até o momento, o Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos Estados Unidos não se pronunciou.