A Flórida anunciou planos para se tornar o primeiro estado americano a eliminar completamente a exigência de vacinas, inclusive as obrigatórias para crianças frequentarem a escola. O anúncio foi feito na quarta-feira (3) pelo diretor de saúde do estado, Joseph Ladapo, ao lado do governador Ron DeSantis, durante evento em Valrico, na região de Tampa.

Conhecido por posições contrárias à imunização, Ladapo classificou os mandatos de vacinação como “errados” e chegou a compará-los a uma forma de “escravidão”. Durante a pandemia de Covid-19, ele já havia sido alvo de críticas após declarações que levaram o CDC a rebater publicamente suas falas. Em 2024, também gerou polêmica ao permitir que pais enviassem filhos não vacinados às aulas durante um surto de sarampo em Weston.

Regras em debate

Ainda não está claro como o estado pretende revogar exigências que existem há décadas. Hoje, todos os 50 estados americanos exigem algum nível de vacinação para ingresso escolar, aceitando exceções médicas e, na maioria dos casos, também religiosas ou pessoais. Nos últimos anos, essas exceções cresceram e a taxa de imunização infantil caiu, segundo levantamento do centro de pesquisa em saúde KFF.

Nova comissão

No mesmo evento, DeSantis anunciou a criação de uma comissão estadual alinhada às propostas de Robert F. Kennedy Jr., secretário da Saúde no governo Trump e crítico declarado das vacinas. A comissão será presidida por Casey DeSantis, esposa do governador. Para DeSantis, a Flórida já está na dianteira desse movimento, mas “precisa continuar à frente da curva”.

Impacto nacional

Se levada adiante, a medida deve colocar a Flórida no centro de uma disputa nacional entre saúde pública e liberdade individual. Especialistas alertam que, embora questionados por parte da população, os mandatos de vacinação foram cruciais para controlar a propagação de doenças contagiosas ao longo da história.