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Mães processam governo dos EUA após deportação de crianças, incluindo menino com câncer

2025-08-26  Paulo Ricardo  23 views
Mães processam governo dos EUA após deportação de crianças, incluindo menino com câncer

Duas mães e seus quatro filhos menores, entre eles três cidadãos americanos, entraram com uma ação judicial contra a administração Trump alegando terem sido deportados de forma ilegal para Honduras. O processo, movido pela National Immigration Project no tribunal distrital da Louisiana, acusa o Departamento de Imigração e Alfândega (ICE) de violar suas próprias normas internas, bem como leis federais, ao deportar as famílias sem conceder o devido processo legal.

Entre as crianças afetadas está um menino de quatro anos diagnosticado com câncer em estágio avançado nos rins, que recebia tratamento médico nos Estados Unidos. A ação judicial — identificada como JLV v. Acuna — afirma que a deportação interrompeu os cuidados médicos do garoto e colocou sua vida em risco imediato. Segundo o processo, os pais foram impedidos de falar com advogados ou familiares, e pressionados a assinar documentos que autorizavam a deportação das crianças.

As mães, identificadas como Rosario e Julia, relataram que desejavam manter os filhos nos EUA, mas foram deportadas sem qualquer direito à defesa ou participação em decisões sobre o futuro das crianças. Julia relatou que, durante uma checagem de rotina no ICE em abril, foi informada de que seria enviada de volta a Honduras com as duas filhas. Quando ela hesitou em assinar a autorização para levar uma das meninas, um agente teria afirmado que, caso se recusasse, a criança seria enviada a um lar adotivo.

O Departamento de Segurança Interna (DHS), no entanto, negou as acusações. Em nota, a secretária-assistente Tricia McLaughlin afirmou que os pais tiveram a opção de deixar os filhos sob cuidados designados nos Estados Unidos, mas decidiram levá-los a Honduras. McLaughlin também assegurou que o ICE garante o acesso a tratamento médico nos países de destino e classificou como “falsa” a alegação de que a criança com câncer teria sido privada de cuidados.

Para Sirine Shebaya, diretora do National Immigration Project, o caso evidencia “ações não apenas ilegais, mas cruéis”, demonstrando um “completo desprezo pelos valores familiares e pelo bem-estar das crianças”. Já a advogada Erin Hebert, do escritório Ware Immigration, afirmou que agentes do ICE “traíram seu dever mais básico: proteger cidadãos americanos”.

O processo ocorre em meio à intensificação das deportações durante a administração Trump, respaldadas pelo Alien Enemies Act de 1798. Segundo a organização Witness at the Border, mais de 1.000 voos de deportação já foram realizados para 62 países desde janeiro. A entidade alerta que o monitoramento dessas operações se tornou mais difícil, já que companhias aéreas têm solicitado a remoção dos números de cauda de suas aeronaves de sites de rastreamento público.

Após o retorno forçado a Honduras, as mães relataram dificuldades de adaptação e sofrimento emocional. Rosario afirmou que, depois de tantos anos nos Estados Unidos, “tem sido devastador ser enviada de volta”. Julia destacou que a deportação separou sua família e gerou sofrimento intenso para suas filhas, acrescentando que foram privadas da oportunidade de decidir sobre o destino de seus próprios filhos.


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