O bilionário Elon Musk decidiu dar um passo atrás em sua mais recente investida política: a criação do chamado “America Party”, anunciado no mês passado como um movimento alternativo ao sistema bipartidário dos Estados Unidos. A decisão foi motivada, segundo pessoas próximas, pela percepção de que um partido independente poderia mais atrapalhar do que fortalecer sua posição, enfraquecendo alianças já em andamento e reduzindo seu alcance dentro do cenário político tradicional.
Reuniões com organizadores e consultores eleitorais que vinham sendo realizadas foram suspensas, deixando em aberto o destino do projeto. Fontes relatam frustração de alguns interlocutores, que esperavam ver avanços concretos em torno da nova sigla. Ainda assim, Musk não descartou de vez a ideia — apenas a colocou em segundo plano, deixando margem para que volte a explorá-la no futuro.
O recuo está ligado, sobretudo, ao cálculo estratégico de preservar sua aproximação com lideranças do Partido Republicano, em especial com o vice-presidente J.D. Vance, hoje apontado como um nome forte para a corrida presidencial de 2028. A criação de um partido próprio poderia ser interpretada como uma tentativa de divisão dentro do campo conservador, o que diminuiria a influência de Musk nas negociações de bastidores.
Analistas também lembram que Musk precisa manter um delicado equilíbrio entre suas ambições políticas e os interesses de seus negócios, que dependem fortemente de contratos governamentais e regulamentações federais. Projetos como a Tesla, a SpaceX e a própria plataforma X enfrentam questões regulatórias que exigem proximidade com autoridades. Por isso, o empresário optou por não abrir novas frentes de conflito político neste momento.
Apesar do recuo, o movimento mostra que Musk continua interessado em moldar o debate público nos Estados Unidos, ainda que de forma mais cautelosa. Para muitos, sua atuação política pode não se dar pela via de um partido independente, mas sim pelo fortalecimento de suas conexões dentro das estruturas já existentes — o que, em última análise, garante mais poder de influência em decisões cruciais.