A declaração foi feita no domingo (3), em um encontro com jornalistas antes do embarque no Air Force One, reforçando sua visão de que as tarifas podem ser usadas para beneficiar a população comum, e não apenas para impulsionar a balança comercial.
A ideia de Trump está alinhada a um projeto apresentado pelo senador republicano Josh Hawley, chamado American Worker Rebate Act. Esse projeto propõe que a receita arrecadada com as tarifas seja destinada a um programa de créditos fiscais reembolsáveis, oferecendo pelo menos US$ 600 por adulto e por criança, podendo esse valor aumentar caso a arrecadação ultrapasse as projeções iniciais. Os pagamentos estão previstos para iniciar entre o final deste ano e o começo de 2026, dependendo da aprovação do Congresso, e seriam vinculados ao ano fiscal de 2025.
O senador Hawley justifica a medida como uma forma de compensar os impactos econômicos que as tarifas podem causar ao consumidor americano, especialmente famílias com menor poder aquisitivo, que acabam pagando preços mais altos por produtos importados. Para ele, o crédito fiscal seria uma maneira de equilibrar esse efeito, garantindo que o trabalhador americano não seja prejudicado pelas políticas comerciais do governo.
Entretanto, a proposta encontra resistência significativa dentro do próprio Partido Republicano. Uma parte da bancada conservadora se posiciona contra o repasse direto do dinheiro arrecadado, defendendo que os recursos obtidos com as tarifas sejam prioritariamente aplicados na redução do déficit federal, que atualmente é estimado em cerca de US$ 1,4 trilhão para 2025. Esses legisladores argumentam que o país enfrenta uma situação fiscal delicada e que o foco deve ser o controle dos gastos públicos para garantir a estabilidade econômica de longo prazo.
Além disso, críticos do projeto alertam que a distribuição de créditos fiscais pode incentivar um aumento do consumo de produtos importados, o que poderia reduzir a eficácia das tarifas como ferramenta de proteção da indústria nacional e do emprego americano. Há ainda preocupações sobre o impacto inflacionário das tarifas e se esse benefício direto realmente compensaria o aumento dos preços para os consumidores.
O debate sobre o uso da receita tarifária evidencia as tensões internas no Partido Republicano e o desafio de equilibrar medidas protecionistas com a necessidade de manter a confiança dos eleitores e a responsabilidade fiscal. A proposta de Trump e Hawley ainda precisará passar por várias etapas no Congresso, onde poderá sofrer alterações antes de ser eventualmente aprovada ou rejeitada.
Enquanto isso, o governo federal segue aplicando as tarifas como parte de sua estratégia de comércio exterior, com o objetivo declarado de proteger indústrias americanas consideradas estratégicas, como a de aço e alumínio, além de pressionar parceiros comerciais a negociar acordos mais favoráveis para os EUA.