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"Brasileiros deportados dos EUA: o perfil de babás, pedreiros e jardineiros sem visto"

2025-01-28  Cintia de Aguiar  55 views

Trabalhadores como jardineiros, pedreiros, vigilantes, motoristas e babás, que entraram ilegalmente nos Estados Unidos, representavam a maioria dos 88 brasileiros deportados pelo governo de Donald Trump no último fim de semana. De acordo com fontes da Polícia Federal, esses imigrantes atuavam como autônomos, recebendo por diárias, e chegaram aos EUA nos últimos anos, principalmente pela fronteira com o México, sem qualquer documentação que autorizasse sua permanência, seja como turistas ou estudantes. Não havia entre eles foragidos da Justiça, procurados pela Interpol ou condenados por crimes.

A aeronave americana responsável pelo transporte dos deportados teve que realizar um pouso não planejado em Manaus (AM) devido a problemas técnicos. No desembarque, os repatriados foram vistos algemados nas mãos e pés e acorrentados pela cintura, situação que gerou fortes críticas. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou o episódio como um “constrangimento inaceitável”, apesar do uso de algemas ser um procedimento comum nas deportações realizadas pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE), prática também registrada durante o governo Joe Biden. Em 2024, mais de 3 mil brasileiros foram deportados sob as mesmas condições.

A Gazeta do Povo entrou em contato com o Ministério das Relações Exteriores para obter informações detalhadas sobre os deportados, suas cidades de origem e as providências que o governo brasileiro pretende tomar junto às autoridades americanas. No entanto, até a publicação desta matéria, o ministério não havia se pronunciado.

Quem são os deportados?

Uma apuração do jornal revelou que o voo fretado pelo governo dos EUA partiu de Alexandria, no estado da Luisiana, na sexta-feira (24/1). A maioria dos passageiros era homens abaixo dos 55 anos, além de mulheres, crianças e adolescentes vindos de Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Rondônia e Roraima.

Esses imigrantes estavam sob custódia do ICE há semanas ou meses e não foram presos após a posse de Donald Trump, ocorrida em 20 de janeiro de 2025. De acordo com o advogado especialista em Direito Internacional Luiz Augusto Módolo, o novo governo apenas acelerou os processos de deportação, cumprindo uma promessa de campanha.

Por questões logísticas e estratégicas, todos os voos com deportados dos Estados Unidos têm como destino o Aeroporto Internacional de Confins, em Belo Horizonte (MG), independentemente do estado de origem dos brasileiros.

O primeiro grupo de deportados era formado, em sua maioria, por trabalhadores braçais, como diaristas, jardineiros, pedreiros, vigilantes, motoristas e babás, que tentavam uma vida melhor nos EUA.

Depoimentos dos deportados

Um dos brasileiros, de 29 anos, revelou que gastou R$ 170 mil para tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos há oito meses, mas negou ter utilizado os serviços de coiotes. Ele foi preso em San Diego, Califórnia.

Outro deportado, de 51 anos, morava nos EUA havia 35 anos e foi detido recentemente pelo setor de imigração. Já um pedreiro brasileiro relatou que permaneceu detido por seis meses antes de ser deportado.

Entre os repatriados também estava uma família composta por um casal e dois filhos pequenos, que vivia na Flóridadois anos. O caso ganhou repercussão porque, duas semanas antes da deportação, uma das crianças, que tem autismo, aguardava atendimento no serviço público local, quando a família inteira foi detida pelas autoridades de imigração.

Segundo o governo americano, o grupo deportado incluía brasileiros detidos em diferentes partes dos EUA, que haviam sido flagrados sem documentos legais.Brasileiros-Deportados-EUA-scaled.jpg
 


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