
Após tentar refúgio nos Estados Unidos, Rosana foi enviada de volta ao Brasil na última segunda-feira (4), em um processo que levanta suspeitas sobre violações de direitos básicos e motivações políticas disfarçadas de justiça.
Condenada a 14 anos de prisão por tentativa de golpe e associação criminosa, Rosana foi presa em janeiro de 2025 na fronteira do México com os EUA, junto a outras três brasileiras — Cristiane da Silva, Raquel de Souza Lopes e Michely Paiva Alves — após percorrerem cerca de 10 mil km em busca de asilo. Nos meses em que permaneceu presa em solo americano, Rosana denunciou publicamente as condições degradantes da detenção: alimentação inadequada, falta de atendimento médico e ausência de apoio consular adequado.
O que mais chama atenção é o contraste entre a narrativa oficial e a realidade vivida pelas detidas. Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, o atraso no voo de deportação foi causado por “problemas técnicos na aeronave”. No entanto, a pergunta que muitos se fazem é: será que houve o mesmo rigor para garantir os direitos básicos dessas brasileiras quanto houve para atender aos pedidos de deportação?
A relação entre os governos brasileiro e norte-americano, ambos alinhados ideologicamente, também está sendo colocada em xeque. Para críticos, essa cooperação reforça o argumento de que a perseguição a manifestantes de direita é mais política do que jurídica. Afinal, qual é o limite entre justiça e vingança?
O caso também reacende o debate sobre liberdade de expressão e o tratamento seletivo de presos políticos. Se por um lado se exige o respeito às instituições democráticas, por outro, ignora-se o fato de que milhares de brasileiros têm sido julgados de forma acelerada, com penas desproporcionais, enquanto outros crimes, como corrupção e violência, seguem sendo tratados com leniência.
Rosana agora retorna a um Brasil onde será tratada como criminosa — não por ter cometido um ato de violência pessoal, mas por estar no lugar errado, na hora errada, defendendo o que acreditava ser o certo. Ela não teve o direito ao exílio político. Foi rotulada, punida e devolvida, como um símbolo de que pensar diferente pode custar a liberdade.
Enquanto isso, as outras três brasileiras seguem detidas nos EUA, aguardando deportação. E o governo brasileiro, que deveria defender seus cidadãos e garantir a integridade física e moral de cada um, parece mais preocupado em seguir a cartilha do discurso único do que em assegurar um julgamento justo, sem viés ideológico.
A pergunta que fica: Rosana foi condenada por crimes reais ou por desafiar o regime dominante? A resposta, por enquanto, está sendo escrita com grades, silêncio e omissão.