Diante da decisão do ex-presidente Donald Trump de impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, uma comitiva de senadores do Brasil iniciou nesta terça-feira (29) uma ofensiva diplomática em Washington para tentar abrir um canal direto de diálogo com integrantes do Partido Republicano.
Segundo apuração da CNN, o grupo conseguiu agendar reuniões com nomes ligados à ala moderada do partido de Trump, com encontros programados até sexta-feira (1º), quando as novas tarifas devem entrar oficialmente em vigor. Os nomes dos parlamentares republicanos que participarão das reuniões estão sendo mantidos sob sigilo, por receio de interferência política, especialmente por parte do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), aliado de Trump e do núcleo mais conservador do partido.
Um dos senadores que integra a missão explicou que o objetivo central da comitiva é superar o bloqueio político e buscar diálogo com setores republicanos que tenham real influência sobre a Casa Branca, evitando focar unicamente em parlamentares da oposição, sem poder direto de persuasão sobre Trump.
Na véspera do início das reuniões, chegou a ser cogitada uma possível conversa com o ex-presidente George W. Bush, que manteve relações diplomáticas positivas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante seus mandatos anteriores. No entanto, até o momento, não houve contato formal com Bush nem com sua equipe.
Durante os encontros já realizados, os senadores brasileiros têm apresentado argumentos estratégicos para tentar sensibilizar os interlocutores americanos, como o risco do aumento da presença chinesa na América do Sul, os efeitos inflacionários que o tarifaço pode gerar nos EUA, e a tradição histórica de parceria bilateral entre Brasil e Estados Unidos.
Além disso, o grupo tenta negociar a exclusão de produtos específicos da nova tarifa, como alimentos (laranja, café, carne) e equipamentos da Embraer, na tentativa de minimizar os prejuízos ao agronegócio e à indústria nacional.
Apesar dos esforços diplomáticos, Trump ainda não sinalizou qualquer intenção de recuar. No Brasil, o aumento das tarifas é interpretado como um gesto político de motivação ideológica, ligado à insatisfação do ex-presidente americano com o tratamento judicial dado a Jair Bolsonaro, seu aliado político, por parte das instituições brasileiras.
A decisão de Trump tem gerado preocupação no governo brasileiro e no setor produtivo, que veem a medida como um movimento que pode prejudicar diretamente as exportações brasileiras e o equilíbrio comercial entre os dois países.