
O governo brasileiro está avaliando quais medidas tomará após o anúncio do presidente norte-americano Donald Trump, que pretende aplicar uma tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos a partir de 1º de agosto.
Durante entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo, na noite de quinta-feira (10/07), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o primeiro passo será reunir empresários brasileiros de setores fortemente dependentes das exportações para os EUA — como os fabricantes de suco de laranja, aço e a Embraer — para analisar os impactos da decisão e discutir possíveis caminhos, incluindo a busca por novos mercados internacionais.
Lula também informou que o Brasil levará o caso à Organização Mundial do Comércio (OMC) para avaliação formal.
"Se não houver uma solução até lá, adotaremos medidas de reciprocidade já no dia 1º de agosto, quando as novas tarifas forem aplicadas", declarou o presidente.
A medida mencionada por Lula se baseia na Lei de Reciprocidade Econômica, sancionada em abril. A legislação autoriza o governo brasileiro a retaliar nações ou blocos comerciais que impuserem barreiras aos produtos do Brasil.
Entre as ações previstas estão a imposição de tarifas adicionais, restrições à importação de bens e serviços, suspensão de acordos comerciais, e, em casos extremos, o bloqueio de direitos de propriedade intelectual, como patentes e royalties. A lei também exige que o Brasil busque antes uma solução por vias diplomáticas.
Apesar de oferecer respaldo jurídico, especialistas alertam para os riscos. O professor Carlos Gustavo Poggio, especialista em relações Brasil-EUA da Berea College, diz que a retaliação mais imediata seria aplicar tarifas equivalentes a produtos americanos, mas acredita que essa estratégia poderia ser contraproducente.
“Seria como Davi enfrentando Golias”, disse Poggio, ressaltando que, no comércio internacional, os EUA são muito mais relevantes para o Brasil do que o contrário.