Um novo relatório divulgado em 2025 revela que crianças imigrantes desacompanhadas continuam enfrentando maus-tratos e negligência sob custódia do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS). O documento, publicado pelo Office of Inspector General (OIG) do DHS, detalha uma série de violações nos centros operados pela CBP (Customs and Border Protection), incluindo negligência médica, superlotação, abuso verbal e físico, além da falta de cuidados básicos.

A maioria dessas crianças é classificada como “não acompanhada”, ou seja, cruzam a fronteira sem pais ou responsáveis legais. Enquanto relatórios anteriores cobriam dados até meados de 2023, os registros mais recentes mostram que muitos menores continuam retidos por longos períodos em instalações precárias, sem acesso a banhos regulares, roupas limpas, alimentação adequada ou medicamentos essenciais.

Além das questões físicas, o relatório aponta sofrimento emocional severo, agravado por ambientes hostis e pelo uso excessivo da força por agentes de fronteira. Em alguns casos, os relatos incluem episódios de intimidação, insultos e até agressões físicas, o que aumenta a preocupação de especialistas em saúde mental e direitos humanos sobre o impacto a longo prazo nessas crianças vulneráveis.

Essas revelações vêm à tona em meio a discussões sobre a possível revisão do Acordo Flores, em vigor desde 1997, que limita o tempo máximo de detenção de crianças imigrantes e estabelece padrões mínimos de cuidado. O governo norte-americano, por meio do DHS, afirma que segue “protocolos rigorosos de proteção” para os menores sob sua custódia, mas as denúncias levantadas em campo desafiam essa narrativa.

Organizações de direitos civis, advogados e defensores das crianças têm intensificado a pressão por maior transparência, supervisão independente e reformas estruturais, exigindo que os padrões humanitários sejam respeitados nas fronteiras. O tratamento dado a crianças imigrantes permanece como um dos temas mais sensíveis e controversos da política migratória americana.

O debate reacende também a crítica sobre a ineficiência do sistema de imigração dos EUA, que, mesmo após anos de promessas de reformulação, ainda permite que menores desacompanhados permaneçam detidos em condições indignas e desumanas.

A situação, descrita por especialistas como uma “crise moral silenciosa”, coloca em xeque o compromisso dos Estados Unidos com a proteção de direitos humanos — especialmente daqueles mais vulneráveis.