
O comunicado, publicado nas redes sociais pelo Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental, ligado ao Departamento de Estado norte-americano, reforça a preocupação com o que considera uma ameaça à liberdade de expressão e um precedente perigoso para a democracia.
Segundo o governo americano, as medidas impostas a Bolsonaro "representam uma ameaça direta aos princípios democráticos". Em tom enfático, o texto afirma que “qualquer tentativa de silenciar líderes eleitos deve ser vista com preocupação”, sugerindo que a decisão do STF extrapola os limites esperados em regimes democráticos.
“Impor ainda mais restrições à capacidade de Jair Bolsonaro de se defender em público não é um serviço público. Deixem Bolsonaro falar!”, diz o comunicado.
“Os Estados Unidos condenam a ordem de Moraes que impõe prisão domiciliar a Bolsonaro e responsabilizarão todos aqueles que auxiliarem e forem cúmplices da conduta.”
Contexto da prisão domiciliar
A determinação de prisão domiciliar foi expedida por Moraes sob a justificativa de que o ex-presidente teria violado medidas judiciais anteriores, ao se manifestar por meio de aliados e redes sociais, mesmo que de forma indireta. A decisão inclui a proibição total de comunicação pública, impedindo entrevistas, lives, postagens e até mesmo contato com apoiadores políticos.
De acordo com o STF, o objetivo das restrições é evitar qualquer tipo de interferência nas investigações em curso, que apuram possíveis tentativas de golpe de Estado, obstrução de Justiça e uso de documentos falsos. A defesa de Bolsonaro afirma que o ex-presidente nunca desrespeitou ordens judiciais e considera as medidas excessivas e arbitrárias.
Repercussão internacional e tensão diplomática
A manifestação oficial dos Estados Unidos marca um novo momento de tensão diplomática com o Brasil, especialmente num contexto de crescimento da vigilância institucional contra opositores do atual governo. Analistas consideram a crítica norte-americana como um sinal de alerta à condução do Judiciário brasileiro e uma mensagem clara em defesa do debate político livre.
A declaração ocorre às vésperas da entrada em vigor de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos EUA, adicionando um elemento econômico a uma situação já politicamente sensível. Parlamentares e comentaristas políticos norte-americanos também passaram a se manifestar em defesa de Bolsonaro, cobrando transparência nas ações do STF e respeito ao devido processo legal.