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Governo Trump anuncia mudanças na prova de cidadania dos EUA e no sistema de vistos H-1B

2025-07-29  Paulo Ricardo  66 views
Governo Trump anuncia mudanças na prova de cidadania dos EUA e no sistema de vistos H-1B

O governo Trump sinalizou novas e significativas mudanças na política de imigração dos Estados Unidos, com foco na reformulação da prova de cidadania americana e na revisão do programa de vistos de trabalho H-1B, utilizado por empresas para contratar profissionais estrangeiros qualificados.

De acordo com Joseph Edlow, novo diretor do Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS), a prova de naturalização — requisito obrigatório para a concessão da cidadania americana — será revista por ser considerada atualmente “fácil demais”. Em entrevista ao The New York Times, Edlow criticou o formato vigente, afirmando que ele “permite a simples memorização das respostas”, o que, segundo ele, fere o espírito da lei e compromete a intenção do processo de integração cívica.

A proposta do USCIS é retomar o modelo adotado em 2020, durante o primeiro mandato de Trump. Nessa versão, o número de perguntas aumentava de 100 para 128, e os candidatos precisavam acertar 12 de 20 questões — ao invés do padrão atual de 6 de 10. Essa reformulação havia sido revertida pelo governo Biden em 2021, após críticas de especialistas e defensores de direitos dos imigrantes. Em 2024, uma nova tentativa de endurecimento foi descartada diante da reação pública, mas agora o governo Trump busca reviver a versão mais rigorosa.

Além disso, o governo planeja alterar profundamente o sistema de seleção do visto H-1B, um dos principais caminhos legais para que profissionais estrangeiros atuem em setores de alta qualificação nos EUA, como tecnologia e engenharia. Segundo Edlow, o modelo atual baseado em sorteio favorece empresas que buscam mão de obra estrangeira por salários mais baixos, o que, na visão da administração Trump, enfraquece a força de trabalho americana.

A proposta é criar um sistema de seleção ponderado, que dê prioridade a empresas que oferecem salários mais altos. A medida visa alinhar o uso do H-1B à lógica de complementar — e não substituir — a mão de obra nacional. O objetivo, segundo Edlow, é atrair talentos altamente qualificados, mas com maior retorno econômico interno, em vez de apenas preencher lacunas com base em custo reduzido.

A ideia encontra eco em análises anteriores do Departamento de Segurança Interna (DHS) e de centros de pesquisa como o Institute for Progress, que já haviam sugerido alterações para tornar o programa mais eficaz na atração de perfis escassos e estratégicos. No entanto, especialistas alertam para riscos colaterais, como a exclusão de profissionais jovens ou recém-formados, que podem ser desconsiderados em sistemas de pontuação baseados em salário ou experiência.

Apesar da retórica de endurecimento, Edlow afirmou que a imigração ainda é vista como um pilar importante para o desenvolvimento dos EUA, desde que gerida com estratégia e dentro do que considera “os interesses do país”. Ele defendeu políticas mais seletivas, mas que mantenham a capacidade de atrair talentos que contribuam para a competitividade americana.

Vale lembrar que qualquer mudança na prova de cidadania ou nos critérios de concessão de vistos precisa ser aprovada por outras agências do governo federal, e, em alguns casos, pelo próprio Congresso, que atualmente discute propostas bipartidárias de reforma no sistema migratório como um todo.

As medidas propostas refletem uma postura mais restritiva, porém reformista, da atual administração Trump, que busca remodelar as estruturas legais da imigração em favor de um modelo mais rígido, técnico e orientado por critérios econômicos.


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