Agência busca preencher milhares de vagas enquanto funcionários relatam sobrecarga e estresse elevado.

O ICE (U.S. Immigration and Customs Enforcement), agência federal responsável pelo cumprimento das leis de imigração nos Estados Unidos, iniciou uma ofensiva de contratação em larga escala diante da crescente demanda por operações de fiscalização e deportação. A iniciativa ocorre em meio a denúncias de esgotamento físico e emocional de agentes já em atividade.

Nas últimas semanas, a agência promoveu eventos de recrutamento em estados como Texas e Oklahoma, com encontros de dois dias voltados a atrair candidatos para cargos de agentes de deportação e advogados gerais. Só no Texas, o evento realizado no Esports Stadium, em Arlington, reuniu cerca de 1.200 interessados, incluindo veteranos militares e profissionais da área de segurança.

Para tornar as vagas mais atrativas, o ICE oferece incentivos como bônus de assinatura que podem chegar a US$ 50 mil, além de programas de ajuda no pagamento de empréstimos estudantis. A meta é reforçar rapidamente o efetivo, diante do crescimento no número de casos de imigração e da pressão política sobre o tema.

No entanto, por trás da corrida por novos funcionários, cresce a preocupação com as condições de trabalho dentro da agência. Relatos de agentes em atividade apontam jornadas superiores a 12 horas diárias, escalas imprevisíveis com transferências emergenciais para regiões de fronteira e forte pressão emocional no processo de deportação de famílias. Muitos descrevem um ambiente marcado por ansiedade, estresse constante e falta de suporte psicológico.

Ex-funcionários também denunciam que o esforço de “fazer mais com menos” acabou sobrecarregando o efetivo atual, que precisa lidar com alta rotatividade e demandas cada vez mais rígidas por resultados. Sindicatos e associações de classe cobram medidas de proteção à saúde mental, limites mais claros para as horas extras e maior transparência sobre a real situação enfrentada pelos trabalhadores.

O ICE, por sua vez, defende a iniciativa de recrutamento como essencial para manter a segurança nacional e garantir o cumprimento das leis de imigração. Em nota, a agência declarou que “atrair e manter profissionais qualificados é crucial para assegurar a segurança das fronteiras e da comunidade”.

Especialistas em relações de trabalho avaliam que o esforço de contratação pode não ser suficiente caso não haja mudanças estruturais na forma como os agentes são apoiados. Segundo eles, sem políticas de bem-estar mais robustas, o ciclo de contratações e desgaste pode se repetir, comprometendo a eficiência da própria agência no médio e longo prazo.