
A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil, anunciada pela Casa Branca, ameaça comprometer de forma significativa a competitividade do arroz beneficiado nos Estados Unidos — um dos mercados mais estratégicos para o setor.
Segundo projeções da Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz), o impacto das tarifas poderá gerar um prejuízo anual de até US$ 25 milhões, o equivalente a cerca de R$ 137 milhões, afetando diretamente a sustentabilidade econômica da cadeia produtiva.
Impacto direto sobre o arroz beneficiado
O arroz beneficiado, que passa por processos de remoção da casca e do farelo para se transformar no arroz branco mais consumido, está entre os produtos diretamente atingidos pelo tarifaço. Esse tipo de arroz representa cerca de 10% de todo o volume beneficiado que o Brasil exporta, e os Estados Unidos são um dos principais destinos.
De acordo com a Abiarroz, as novas tarifas praticamente eliminam a capacidade de o produto competir no mercado norte-americano. “O cenário é preocupante no longo prazo, uma vez que excedentes de arroz no mercado interno tendem a gerar desequilíbrio de preços, comprometendo a viabilidade econômica do segmento”, alerta a associação.
Mercado estratégico sob risco
Os Estados Unidos, segundo dados da Abiarroz, representaram 13% do valor exportado de arroz branco pelo Brasil em 2024 — uma variedade de maior qualidade e valor agregado. Entre 2021 e 2024, as exportações de arroz beneficiado para o país tiveram um crescimento superior a 50%, demonstrando um claro potencial de expansão.
No entanto, essa relação comercial apresenta assimetria preocupante. Enquanto os norte-americanos possuem facilidade para substituir o arroz brasileiro por produtos de outros países, o Brasil depende do mercado norte-americano como canal estratégico de escoamento. A perda desse espaço pode pressionar ainda mais o mercado interno, já fragilizado por custos logísticos e instabilidades cambiais.
Apelo por negociação diplomática
Diante do risco iminente de colapso parcial nas exportações, a Abiarroz defende que o governo brasileiro adote uma postura firme nas negociações bilaterais com os Estados Unidos. “É preciso avançar com diligência e altivez, mas também com cautela, considerando a vulnerabilidade de setores como o arrozeiro”, afirma a entidade.
O setor aguarda agora os próximos movimentos diplomáticos do Itamaraty e do Ministério da Agricultura, enquanto produtores e exportadores monitoram os desdobramentos do tarifaço que, se mantido, pode reverberar em toda a cadeia produtiva do arroz nacional.