
O presidente Donald Trump anunciou nesta segunda-feira (25) que poderá impor uma tarifa de 200% sobre importações chinesas se a China não fornecer ímãs essenciais ao mercado norte-americano. A declaração acentua a crescente tensão entre as duas maiores economias do mundo, em meio a uma disputa que já envolve tarifas elevadas, restrições comerciais estratégicas e o controle de setores-chave da indústria tecnológica global.
A disputa gira em torno das chamadas terras raras, elementos químicos vitais para o funcionamento de tecnologias de alta performance, incluindo smartphones, carros elétricos, turbinas eólicas, sistemas de defesa e equipamentos de inteligência artificial. A China concentra a maior parte das reservas mundiais desses minerais, além de dominar a produção de ímãs e outros componentes críticos. O Brasil também detém reservas significativas, mas enfrenta limitações logísticas e industriais para competir no mercado global.
Em abril, Pequim restrigiu a exportação de itens ligados a esses minerais, incluindo ímãs, em retaliação às tarifas impostas pelos EUA. Na ocasião, Washington criticou a medida como uma manobra protecionista que ameaça a cadeia de suprimentos norte-americana. Recentemente, um acordo temporário firmado em maio reduziu tarifas recíprocas por 90 dias, mas Trump acusou a China de descumprir os termos, elevando novamente a retórica de confrontação comercial.
O governo chinês, por sua vez, afirmou que os Estados Unidos estão aplicando “restrições discriminatórias”, e prorrogou a suspensão de algumas taxas adicionais, mantendo aberta a tensão entre os dois países. Especialistas alertam que a escalada pode afetar não apenas o comércio bilateral, mas também o mercado global de tecnologia, já que muitos produtos dependem de componentes produzidos exclusivamente na China.
De acordo com relatório do Congressional Budget Office (CBO), a medida de Trump poderia reduzir o déficit público americano em US$ 4 trilhões até 2035. No entanto, o mesmo estudo indica que a tarifa poderia enfraquecer a economia dos EUA, ao desestimular investimentos, reduzir a produtividade e diminuir o poder de compra da população. Analistas também destacam que empresas norte-americanas que dependem de componentes importados poderiam enfrentar aumento de custos, impactando preços ao consumidor e competitividade internacional.
A situação reforça a importância estratégica das terras raras e ímãs no equilíbrio econômico e tecnológico global, colocando os EUA em uma posição delicada: pressionar a China pode garantir suprimentos essenciais, mas também arrisca retaliações comerciais e instabilidade em setores-chave da indústria.