
Durante entrevista concedida a jornalistas em Washington, Trump foi questionado sobre a possibilidade de rever a tarifa de 50% imposta às exportações brasileiras, e respondeu:
“Ele pode falar comigo quando quiser. Vamos ver o que acontece, mas eu amo o povo do Brasil.”
A declaração ocorre dias após Trump assinar uma ordem executiva que estabelece uma das tarifas mais agressivas da história recente entre os dois países, afetando diretamente mais da metade das exportações brasileiras aos EUA. Apesar da abertura diplomática sugerida por Trump, ele também afirmou que “as pessoas que estão comandando o Brasil fizeram a coisa errada”, sinalizando que a relação ainda passa por um momento delicado.
A justificativa oficial da Casa Branca para o tarifaço é que as ações do governo brasileiro representam uma "ameaça incomum e extraordinária à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos". A medida, que entrará em vigor em 7 de agosto, abrange centenas de produtos, embora quase 700 itens tenham sido isentos da nova barreira comercial.
LULA RESPONDE E DEFENDE SOBERANIA
O presidente Lula reagiu rapidamente ao comentário de Trump. Em publicação na rede social X (antigo Twitter), afirmou estar “aberto ao diálogo”, mas deixou claro que “quem define os rumos do Brasil são os brasileiros”. Ele enfatizou o foco de seu governo em proteger a economia nacional, as empresas e os trabalhadores diante do impacto das tarifas impostas pelos EUA.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a disposição de Lula em dialogar, dizendo que a “recíproca é verdadeira” e que o governo brasileiro estaria pronto para organizar um encontro direto, caso Trump também queira. Haddad já havia destacado anteriormente a importância de se preparar adequadamente para qualquer tipo de conversa entre os líderes.
CLIMA DE RESISTÊNCIA DIPLOMÁTICA
Lula, em declarações recentes, tem criticado abertamente a postura de Trump. Em entrevista ao jornal americano The New York Times, o presidente brasileiro acusou os EUA de adotar uma estratégia de chantagem comercial, dizendo que Trump se comporta como um “imperador do mundo” e que o Brasil não aceitará ordens de nenhuma nação estrangeira.
Mesmo com o clima de embate, o Itamaraty tem mantido portas diplomáticas abertas. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi recebido em Washington pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio, onde os dois governos iniciaram conversas preliminares sobre o impacto das tarifas e possíveis caminhos para solução do impasse.
No Senado, o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), também afirmou que o Brasil está disposto a negociar, desde que haja respeito mútuo.
“Por mim, a possibilidade [de diálogo] está aberta, não tenho nenhum problema de dizer isso em nome do presidente Lula. É só organizar”, afirmou Wagner.
ALEXANDRE DE MORAES TAMBÉM ENTRA NO FOCO
Em paralelo à crise comercial, o governo dos EUA também anunciou sanções contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, que é o relator dos processos relacionados à tentativa de golpe de Estado no Brasil e figura central nos inquéritos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão acirra ainda mais o embate institucional entre os dois países e adiciona um novo componente de tensão à já delicada relação diplomática.