O uso do dispositivo de contenção corporal completa, conhecido como WRAP, pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) está gerando suspeitas de abuso em operações de deportação. Desenvolvido para imobilizar indivíduos violentos ou com risco de autolesão, uma investigação da Associated Press revelou que o WRAP tem sido aplicado em detentos já algemados e sem comportamento agressivo aparente durante voos de deportação.
Denúncia em Ação Judicial Federal e Riscos à Saúde
Em setembro de 2025, um homem nigeriano, que alegou estar sendo deportado erroneamente para Gana, relatou ter sido imobilizado com o WRAP para um voo de 16 horas. O caso, que está documentado em uma ação judicial federal, demonstra o uso do dispositivo em situações questionáveis.
Organizações de direitos civis, incluindo o Center for Victims of Torture e o Physicians for Human Rights, manifestaram profunda preocupação. Elas alertam para os riscos à saúde associados ao uso prolongado do dispositivo, citando potenciais problemas respiratórios, lesões nos nervos e trauma psicológico.
Padrão de Segurança x Falta de Transparência
O Departamento de Segurança Interna (DHS) defende que o uso do WRAP é uma prática padrão para garantir a segurança tanto dos agentes quanto dos detidos durante os voos de deportação. No entanto, o órgão não disponibiliza dados públicos sobre a frequência ou os critérios específicos utilizados para a aplicação do dispositivo. A falta de transparência intensifica as críticas e levanta dúvidas sobre a real necessidade de se recorrer a um método de contenção tão extremo.