
O movimento foi lançado pelo empresário Tallis Gomes, fundador do G4 Educação, e pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), após a repercussão de comentários que comemoravam o assassinato do ativista conservador norte-americano Charlie Kirk, morto em um atentado em uma universidade dos Estados Unidos no dia 10 de setembro.
Segundo os idealizadores, o objetivo não é incentivar perseguição política, mas responsabilizar pessoas que celebram a morte de inocentes ou defendem atos violentos.
O que defendem os criadores do movimento
Em vídeo publicado no domingo (14), Tallis Gomes afirmou que não se trata de demitir por opinião, mas sim por comportamento criminoso ou incentivador de ódio.
“O extremista ideológico não quer trabalhar. Ele quer ressignificar a empresa até ela deixar de existir. (...) A campanha não incentiva demissão por opinião, mas sim por propagação de ódio, incentivo à destruição da vida, ao caos e à desordem”, declarou o empresário.
Nikolas Ferreira, que soma quase 35 milhões de seguidores nas redes, reforçou a ideia pedindo que empresas “demitam os verdadeiros extremistas” e denunciou casos publicamente. Desde então, diversos episódios vieram à tona:
- Luís Otávio Kalil, sobrinho do ex-prefeito de Belo Horizonte, foi demitido após comentar em uma rede social: “já vai é tarde”, sobre a morte de Kirk.
- Um neurocirurgião de Pernambuco exaltou o atirador em postagem: “um salve a este companheiro de mira impecável”. O caso foi levado ao Conselho Regional de Medicina.
- A estilista Zazá Pecego, então funcionária da Vogue Brasil, publicou a frase “amo quando fascistas morrem agonizando” e também foi desligada da empresa.
Demissão não é crime, mas apoiar assassinatos pode ser
Uma das dúvidas levantadas no debate é se a demissão nesses casos poderia configurar crime ou perseguição. Juridicamente, a resposta é não.
- Demitir um colaborador, seja com ou sem justa causa, é um ato legal trabalhista, previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O artigo 482 da CLT autoriza justa causa em situações de mau procedimento, indisciplina, ato lesivo à honra ou que prejudique a confiança necessária entre empresa e empregado.
- Ou seja, a demissão não é crime. Trata-se de um direito do empregador, desde que respeitadas as normas legais.
Por outro lado, manifestações que celebram um assassinato podem ultrapassar a barreira da liberdade de expressão:
- Art. 286 do Código Penal – Incitação ao crime: incentivar ou apoiar publicamente atos criminosos pode gerar responsabilização penal.
- Art. 287 – Apologia de crime: elogiar ou justificar assassinatos também pode configurar crime.
Além do risco jurídico, há o impacto trabalhista e empresarial: tais manifestações podem ser enquadradas como justa causa e prejudicar a imagem da empresa junto a clientes, parceiros e investidores.
Importância para as empresas
Para o setor privado, a discussão é estratégica. O ambiente corporativo depende da confiança e da reputação para atrair negócios. Por isso:
- Empresas que mantêm colaboradores envolvidos em manifestações violentas podem ser vistas como coniventes.
- O risco não é apenas legal, mas também de imagem e de mercado.
- Códigos de conduta e políticas de compliance já preveem medidas contra falas que incentivem ódio ou violência.
O debate continua
Críticos do movimento alegam que pode haver risco de perseguição política. Tallis Gomes rebateu dizendo que essa interpretação é “equivocada e maliciosa”:
“Quando alguém manifesta desejo de matar ou celebra assassinatos, isso não é opinião, é conduta gravíssima. A CLT prevê justa causa e o Código Penal pode enquadrar como crime. As empresas não podem aceitar que isso seja normalizado”, declarou.
Já apoiadores afirmam que a campanha é um passo necessário para coibir comportamentos extremistas e proteger o ambiente de trabalho.
Por enquanto, não há registro de grandes corporações aderindo oficialmente ao movimento, mas empresários como Cris Arcangeli, investidora do programa Shark Tank Brasil, já se manifestaram em apoio:
“Agora quem está feliz pela morte de alguém, está feliz por perder o emprego também? Que bom que as empresas estão acordando”, publicou.